Eu nasci no tempo errado.

Nós todos trabalhamos com computadores, de uma forma ou de outra. Eu passo o dia todo sentada diante dele. Se precisar falar com alguém, deixo um scrap. Se tiver uma boa ideia, lanço no Twitter. Se quiser conversar, ligo o MSN…Nem o telefone de casa eu uso mais. Até uso meu celular pra poder acessar a Internet quando estou na rua. Se quiser ouvir uma música, baixo. Se quiser ver um trecho de filme, vou ao Youtube. Fiquei dependente, confesso.

Isso tudo ajuda demais a nossa vida. Não temos que nos preocupar com horas de pesquisa em enciclopédias, tudo já está no Google. Não temos que nos limitar ao que revistas e jornais nos fornecem, podemos saber tudo sobre tudo apenas clicando. Mas e o reflexo disso nos nossos relacionamentos?

As pessoas ainda gostam de sair, claro. Nós ainda fazemos reuniões sociais, vamos pra balada, vamos ao shopping, nos encontramos com os amigos em barzinhos e shows. Conhecemos muita gente na rua, no nosso dia a dia. Mas isso tá cada vez mais perdendo espaço à nossa facilidade de nos relacionarmos na web.

Conversas importantes não precisam mais ser marcadas num almoço ou jantar. Basta mandar um e-mail. Pra conquistar o apreço de um pretendente, basta ter uma boa lábia no MSN. Quem aqui não fortificou um laço por poder todos os dias falar horas no MSN com alguém? Sem contar os que vão mais longe: namoros virtuais, sites de relacionamento…

Se a gente quer saber os gostos de um pretendente, basta fuçar as comunidades do Orkut, ler seu blog, segui-lo no Twitter. Pronto, não precisamos mais perguntar muitas coisas, podemos pular umas nove tardes de encontro. Saudade quase não passamos mais. Quer dizer, claro que passamos, mas podemos mandar um sms pra saber se tá tudo bem ou simplesmente pra dizer “estou pensando em você“.

Eu queria poder passar minha juventude antes da vida com Internet. Queria ter sido daquela geração que ia pro parque nas tardes livres pra poder encontrar os amigos e conversar. Que pegava o carro do pai escondido pra passar a noite vendo estrelas, bebendo, rindo e namorando, igual cena de filme antigo. Que ia acampar cada feriado em um lugar diferente. Uma época onde era mais fácil ter segredos, ser misterioso, ser interessante. Um tempo em que pra conhecer uma música nova você tinha que ouvir o rádio o dia todo, e depois sentava com os amigos na calçada com o violão pra mostrar. Uma época que as pessoas escreviam bilhetes e colocavam no bolso sem o destinatário perceber. Quando os apaixonados escreviam cartas e músicas no meio da noite pra poder se declarar. Queria ser de um tempo em que as pessoas iam comer na lanchonete ao lado to trabalho do pretendente só pra poder ver ele sair. Ou esperavam na janela pra ver alguém passar na rua…

Eu nasci no tempo errado.

Fonte: Diário de um Solteiro


Um texto ai no domingão para ler e refletir, as vezes me sinto assim, vocês não ? ( Depois vou me aprofundar sobre isso em um futuro post)


Ate + pessoal


1 comentários:

Dan Silva disse...

Po, tudo a ver esse texto.
Esses dias eu estava pensando nisso e até escrevi sobre isso no blog também, só que abordei a questão do futuro. Imagino como deveria viver nessa época antiga, as coisas tinha outra magia, me parece. Parece que tudo era mais rico, mais duradouro, apesar das desvantagens. Invejo meus avôs nesse ponto.

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